domingo, 24 de abril de 2011



          Um dos assuntos mais comuns no nosso dia-a-dia é o preconceito. E, atualmente, o preconceito linguístico tem sido muito comentado, apesar de nem todos saberem do que se trata. Abordaremos a seguir este assunto, com o intuito de informar e combater esse tipo de preconceito.
            Na charge acima, vemos como esse tipo de preconceito geralmente é abordado: pessoas de alto nível social criticando quem (no ponto de vista delas, é claro) fala "errado".
            Esse falar errado, acaba criando diversos conflitos, fazendo com que nem as próprias pessoas que criticam tal erro estejam totalmente certa do que dizem.
            É exatamente aí onde entra o preconceito linguístico.
      Esse tipo de preconceito engloba as diversas variedades lingüísticas, fazendo com que se torne um problema político e social. Isso faz com que a variedade lingüística das pessoas que ocupam alto nível social seja prestigiada, enquanto que a das que ocupam baixo nível, torne-se censurada.
      Para os lingüistas, a noção de errado ou correto imposta por muitos em nossa sociedade é o que origina o preconceito contra as variantes, sem falar, é claro nos instrumentos tradicionais de ensino da língua, ou seja, a gramática normativa e os livros didáticos.
            Um grande erro que as pessoas cometem, é o fato de julgarem a forma como os outros falam se baseando na gramática. O fato é que a língua falada é muito mais viva e flexível do que as regras escritas naquele livrão grosso. Portanto, língua falada e língua escrita são coisas totalmente diferentes. E assim como diz o escritor Marcos Bagno, a língua é como um rio que se renova, enquanto a gramática normativa é como a água do igapó, que envelhece e não gera vida nova, a não ser que venham as inundações.
            É comum escutarmos os alunos dizendo que português é uma língua difícil, tornando a aprendizagem mais complexa pelo conseqüente desinteresse dos mesmos.  Por conta disso, é importante que os professores promovam os instrumentos necessários para que todos possam ser capazes de compreender as linguagens formal e informal e adequá-la às diversas situações que lhes acontecerem. Há também a necessidade de fazê-los refletir sobre as diversas variações históricas, estilísticas, geográficas e sociais que a linguagem possui.
            Entre os diversos exemplos a serem vistos, podemos citar o preconceito para com os nordestinos, quem tem suas formas de falar retratadas na televisão. Todos que os interpretam acabam forçando, fazendo com que os sotaques virem alvo de escárnio e deboche em plena rede nacional.
            Para que essa situação mude, é necessário que a escola passe a contribuir profundamente para a libertação e formação do individuo, oferecendo uma educação anti racista com programas plurilingüísticos, valorizando a cultura de cada região. Pois é seu papel lutar contra todos os tipos de preconceito, não só o preconceito lingüístico, mas as discriminações sexuais, de raça e sociais.


 A seguir, o humorista Nelson Freitas demonstra as diversidades culturais, entre as regiões. De maneira descontraída, ele consegue pôr boa parte do que realmente é dentro de suas apresentações. Vejamos a seguir:


A imagem abaixo, retrata o modo como algumas pessoas da região de Minas Gerais falam. Geralmente, esse modo é encontrado em pessoas do interior, o sotaque é de certa forma, mais "forte".
 






No caso abaixo, vemos como o personagem de quadrinhos Chico Bento é criticado e sofre preconceito pela professora pelo fato dela dizer que ele não sabe falar portguês. Não sabe ela, que portguês todos nós falamos !






 É comum vermos os sotaques sendo comentados, principalmente os dos nordestinos e os das pessoas que puxam o "r", por exemplo, como os paulistas. Porém, vale lembrar que o Brasil é um país multicultural, e consequentemente, com diversas maneiras de se expressar. Com isso, não podemos esquecer de incluir a língua entre os principais elementos que variam de região para região.


 
A seguir, algumas imagens que retratam o preconceito não apenas da fala em si, mas também da escrita. São exemplos muito comuns, principalmente nas classes sociais mais baixas, que não tiveram o mesmo privilégio de aprendizagem em seus colégios, diferentemente das classes mais altas. 








O vídeo abaixo, mostra o apresentador do " Programa Do Jô " abordando esse tema:








Essa música trata muito bem sobre o assunto, abordando alguns pontos anteriormente citados nesse blog.
Isabela Moraes - Preconceito Linguístico

Faço a crença pelo meu velório a reza
Que enterraram as palavras portuguesas
Sob um vú de vãs postiças palavresas
Foi criado nosso novo dicionário
Onde banca-se o papel de missionário
O próprio vocabulário de muletas
O próprio vocabulário

Livre dos livros os equívocos
As gargalhadas da gramática
O preconceito linguistico
Palavras marginalizadas

O preto o pobre e o racismo
O preconceito por nada
Sexo é assunto proibido
A não ser fora de casa

Desligue a tv vá ler um livro
O mito é a verdade inventada
Não crer no que vê é mais difícil
Que ler pra aprender coisas erradas

Proteja-se sempre do vício
De acreditar em tudo que se espalha
Existem milhares de artifícios
No vasto precipício se fala
No vasto precipício

É minha nossa voz
É nossa minha voz
É minha nossa voz
É nossa

Não permito que a gramática
estragada
Me atinja sem um mero objetivo
Não aceito sua questão analisada
Nem com mil razões que
justifiquem isso
Eu aqui é que não escreverei
mais nada
Pois quem manda antes em
um julgamento
É a forma de como o
pronunciamento
Absolverá a vítima palavra